Wednesday, June 06, 2007

Utopia

Venha...
Dê-me tuas mãos gélidas,
Aqueça-as em minha face,
Ponha-as em meus lábios,
Quero teu cheiro confortante,
De quem se faz presente.
A melodia da chuva que cai,
A terra molhada que cobre nossos pés.
A orquestra dos carros faz-nos [caminhar sorrindo pela cidade].
As luzes refletem...
Talvez porque o mundo tenha jeito.
Talvez porque um dia você chegará,
E nós iremos ao cinema.
Carregar-me-ás em teus braços.
Tocar-me-ás com as flores que roubastes, [de meu próprio jardim].
E seremos eternos.
E seremos fraternos.
E seremos amantes.
Serenos, cantantes.
Comeremos bolo e pudim.
E seremos agentes,
Filósofos, poetas,
Jogaremos cartas.
Correremos de bicicleta.
Cantarei o amor que nos liberta.
Dar-te-ei o corpo e a idéia.
E não seremos família.
E não louvaremos propriedade.
Seremos o quê somos, apenas.
Venha...
Diga-me que a poesia não é vã,
Que a música alimenta,
Que a arte nos sustenta,
E a morte não é fim.
Diga-me que Deus não nos condena,
E o inferno é da hipocrisia pena.
Diga-me que não acredito a toa,
Que a matéria é transitória,
E que há justiça sim.
Entregue-me mais do que sentes e pensas,
Além das indiferenças deste mundo estúpido.
Entregue-me além das meias palavras,
Do erudismo patético,
Quero simplicidade sábia,
Sinceridade rara,
A beleza âmago,
Nem muda, nem moda, nem fora.
Venha,
Aflora em teu existir,
Para que eu creia, assim, que ainda existo.

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