Wednesday, December 01, 2004

Numa manhã qualquer...

Acordam, vêem o sol nascendo, e ao longe, logo atrás da janelinha de vidro, alguém percebe a mãe observando o filho, escondida, orgulhosa de o ver saindo para trabalhar. O café forte e doce, o pão endurecido e velho de ontem aquecido com manteiga na chapa de ferro. Come, senão vai esfriar! Não esquece a conta para pagar em cima da mesa...
O ponto de parada está cheio de gente rechonchuda e esguia; Feia ou airosa... Gente: com anseio de ser considerável, e esquecer que é mais um. Só? “Só por serem apenas”. Só por serem todos sozinhos. Iguais em estarem diferentes. Entretanto, nada além de mortais. É, acho que vai chover... No Jornal Nacional deu que a chuva vem no sábado. Hoje ainda é quarta feira... Fadiga.
O pai e a mãe brigaram ontem.
A menina está grávida aos 13 anos.
A criança vai para escola.
O bebê já está na creche.
O caminhão de lixo passou.
O carro é a álcool. Não pega.
O irmão dela está fazendo faculdade. Uma beleza... Lembra até o samba do Martinho da Vila... Quanto custa para poder responder: “escolaridade? Superior”.
Ah, esse ônibus que não passa.
Contaram para o fulano que o marido dela tem outras.
A mocinha tinha o cabelo enrolado, porém, faz chapinha todo dia.
As nuvens estão bonitas. Algodões enfeitados com o reflexo do sol. E vem uma dor fininha, que nem agulha, incomodando ao perguntar: a vida é o quê? Acabam –se assim, os sonhos?
A velha caduca morreu atropelada, na frente de todos, enquanto os fantoches de Deus iniciavam o dia.

0 Comments:

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home