Thursday, October 19, 2006

Poeta Parco

Há uma angústia por haurir. O poeta espantadiço caminha pela rua em que perdera as palavras. E as encontra partidas, dispersas, fugazes, perdidas entre as falas de gente corriqueira, das moças para as quais poema é namorico.

Hoje, sou o poeta de nenhures, cuja sorte é ter perdido a inocência e em cuja poesia há o estigma do asco. Ela nasce de um desencanto colorido, de um palhaço que riu quando chorou, de um azul que norteia nossos sonhos, de uma rosa que era bela, mas murchou.

Hei de cantar a desesperança, em meio às charlatanices dos recatos, pelos versos mais baratos e as rimas mitigadas. Serei o dizer das centelhas apagadas, o rastelo de agricultores urbanos, o poeta fulano que desaprendeu a escrever.

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