Saturday, July 09, 2005

É uma lembrança inquieta de um cinismo sombrio que me procura toda a noite. Um cicerone assim, aberto, sem quaisquer anestesias. E a palavra percorre meu corpo, sai correndo feito moleque sapeca entre meus dedos... A palavra que achei que fugira. O filho pródigo não retornou à casa, mas saibam que a mãe já não o espera. Desespero ou fantasia? Se ao menos não tivesse mentido tanto... Gaste tuas riquezas todas filho pródigo, que não trago em mim as palavras sábias da Boa Nova, nem tenho as mãos e os pés lavados por Cristo. Em minha ceia tu já não partilharás... Guarde teu beijo de Judas para outros. Venda a ti mesmo pelas tuas trinta pratas, que não vales mais que isso. Que a multidão não me aclame em Jerusalém, para que ela mesma não esteja a mitigar-me na cruz. Ainda hoje tu não estarás no céu comigo, desço do meu calvário, e grito: A salvação é pela arte, que o amor... O amor é o que condena. Encontrarei outras Bem Aventuranças, que por estas perdi-me pelas veredas do teu nome. Não salmodiarei por Salomão, nem por Davi. E se o profeta invocar-me direi que sou apenas uma criança. E se não puder comungar de outro corpo, então confessarei meus pecados todos, sem remorso algum, porque é pelo corpo e sangue que se chega ao paraíso. E na pobreza dos meus louvores à razão simplória a que submeto-me, tornar-me-ei segregada entre hebreus e colossensses. Não há deserto, o povo não foge do Egito. Espero a luz que me cegará, para depois ungir-me entre apóstolos. Que ela mesma traga-me um novo rebanho, e a armadura dos que crêem da vida, e na palavra dos homens bons.

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