Sunday, March 06, 2005

reVERSO

Todas as tardes, abraço o caderno freneticamente, discorro os dedos de forma delgada entre as linhas, e vão surgindo outras, redondas, coloridas, linhas de palavras amorosas, mensageiras, destinadas a um lugar distante.
Todas as tardes, escrevo saudosas cartas, poemas, e bilhetes, escondo-as em envolopes que só possuem remetente, e espero, inócua do desprezo humano, a mísera resposta.
Todas as tardes, quando a solidão dá lugar ao descontente, descrevo o amor cético dos poetas, o romantismo agudo dos patéticos, a vitalidade erma dos artístas.
Todas as tardes, enquanto o tempo adentra os limites sol, vejo o rascunho sucinto da cidade, enquadrado: da janela, o mundo inteiro é menor que a tua imagem.
Todas as tardes, na hora exata em que os pássaros despedem-se, deitada sobre o leito fascinante, jamais me separo da lembrança, e prossigo imersa em emoções (recíprocas?)
.
- Eu quero o reVERSO uma única vez.

3 Comments:

Blogger celialu said...

Uau! Vc tem mesmo zilhões de palavras para convencer alguém a tentar sempre...Adorei!
Gostei tb do seu reVERSO, o difícil é rimar...
Saudações...

March 7, 2005 at 7:49 AM  
Blogger Paulo C. said...

off topic:
se eu pudesse recomendar um e só um livro, esse livro seria Tao-Te-Ching de Lao Tzu (ed. martin claret, tradução de humberto rohden) e... enfim, estou te recomendando! política e filosofia numa perfeita integração. além do lado espiritual implícito da maneira menos panfletária que me lembro ter visto. definitivamente: cinco estrelas!!!

March 9, 2005 at 3:02 AM  
Blogger Paulo C. said...

Lao-Tzu, Lao-Tsé, mesma persona.

March 9, 2005 at 3:04 AM  

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