Tuesday, December 14, 2004

2004

As janelas da casa estão fechadas a fim de conter o barulho que vem de fora. Estudando inglês, pouco concentrada, tento me lembrar com o que sonhei na última noite, entretanto, penso que o mês de dezembro chegou, ainda que contra todas as possibilidades. É tempo de natal, de despedida, de rever a vida e tantos outros clichês em que não creio.
O tempo parece ter se tornado estático, desconsideravel, nada mudou ao mesmo tempo em que tudo me parece tão diferente do que eu esperava: desespero-me. De onde vem as ilusões?
Ontem estávamos todos sentados ao vento, sorrindo.
Amanhã não haverá perspectivas, nem sorrisos; e a gente tenta imaginar a vida daqui há dez anos.
As pessoas estão perdidas, por toda a parte. Paredes e grades as aprisionam. O céu prossegue azul sem que ninguém o note. O dia amanhece por hábito, o sol ilumina por costume. Eu vejo as pessoas correndo em volta de si mesmas, ao redor de utopias. Ao se cansarem, se possuem sorte, deitam-se em suas camas, e falam de amor. Acordam em horas iguais, caminham os mesmos caminhos, repetem as mesmas palavras, assistem aos mesmos programas de televisão, leêm os mesmos jornais. Às nove assistem à novela das8. Acreditam na mediocridade, aceitam o anódino a que são submetidos. E no fim dos dias, lamentam a vida inutil dos seus.
Para quê canções?
Desligo meu rádio como se ao sobrar silêncio, não fossem me faltar direções;
ou
uma palavra, um corte,
uma espada, o norte,
a vida estreita, imperfeita,
o tempo, um tempo, mais um,
o conto sem ponto, nem vírgula,
um poeta sem estilo, faminto,
os glóbulos vermelhos em branco,
um gongo vibrando em pranto,
a mulher gorjeando feito ave,
sempre-viva, sem-vergonha, e sabida,
pervertida: perjura,
permanece e permuta,
quem voga?
A barca é grande,
o vento garante,
um percurso picante, pícaro, picareta,
em pique,
quem segue?
Um ladrão lacrimogêneo: Estado.
Um lagalhé lânguido: O Surdo.
Um latino americano: O Mudo.
As flores do mal exalam seu perfume.

Por favor,
não me falem de amor,
nem dos natais de antanho,
o bom velhinho, fanho, não vem,
o menino messias se foi,
as luzes acesas das árvores
não detém a noite que recai sobre todos,
nem amanhece as convenções hipócritas.

Embriague (-se)
Viaje (-se)
Anime (-se)
Iluda (-se)
Um ano depois, sente-se, e faça os mesmos planos.

1 Comments:

Blogger Rubem Garcia said...

OI gostei muito da sua poesia... vc deixou comentários no meu BLOG... baralhodocoringa.zip.net.... ou pelomenos alguém deixou um comentário lá com um endereço que me remeteu a seu blog... espero que possamos entrar em contato.... conheço poucos poetas e poetisas virtuais... e acho interessante usar a net como veículo para interação entre escritores... então deixo pra você meu contato no msn e mail.... mcleod15@hotmail.com... se quiser trocar idéias, experiências, resenhas de textos... ou até jogar conversa fora será um prazer...

January 4, 2005 at 8:55 AM  

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