Tuesday, January 04, 2005

campanha

NÃO Ser sujeito. NÃO Ser alguém. NÃO Ser esperado. NÃO Ser politicamente correto. NÃO ser ético. NÃO Ser modal. NÃO Ser adequado. NÃO Ser deveras seguidor dos valores judaico-cristãos. NÃO Ser patético. NÃO Ser moral. NÃO Ser piegas. NÃO Ser equilibrado. NÃO Ser da tribo. NÃO Ser burguês. NÃO Ser familiar. NÃO Ser proprietário. NÃO Ser “vestibularmente” inteligente. NÃO Ser humano. NÃO Ser. Simplesmente porque não necessitamos. Ah, essa nossa subordinação aos resquícios da cultura grega... Entre esses entulhos todos, restou-nos uma obsessão pelo verbo “ser”. Então pensei, conseguiria eu não dize-lo em todo um dia, ou ao menos em todo um texto? Por instantes esquecer de toda essa subjetividade de “ser”, e apenas estar, apenas pensar, apenas correr, encontrar? Não quero ser, não hoje. Esse verbo persegue, torna endógeno demais o que deveria estar a mostra de todos. Por quê não ter? Por quê não fazer? Ser não, não quero ser. Esqueçam o verbo ser. Nada é, não hoje. Não às metáforas. Não às definições. O quê me faz pensar que aquilo é isto, ou isto é aquilo? Quero um não a essa seqüência de sujeito, verbo, predicado, objeto. A seqüência decorrente do verbo ser, decorrente do que é. A lógica que nos leva em colisão ao caos, ainda que sendo lógica. Se por instantes não fossemos simplesmente, o que “seriamos”? Estaríamos? Concluiríamos? Mudaríamos? Se não fossemos, mudaríamos sim. Transformaríamos essa nossa velha mania de querer ser deveras estável, deveras aceito por aquilo que nem mesmo concordamos. Sistema mentecapto. Libertemo-nos da precisão do ser.

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