Monday, March 01, 2010

Jogos de Carta

Do encontro:
Ela, só uma menina. Daquele tipo que ainda não sabe bem o que vai ser quando crescer (se é que, quando se cresce, descobre-se esse tipo de coisa).
Ele, um homem casado que, nem bem se sabendo ou se descobrindo, já era crescido.

Da rotina:
Ele passava tardes em Itapuã, oferecendo ao mar de Iemanjá sete notas musicais e sete amores.
Ela, que não era filha de Iansã, caminhava pelas ruas sem cais, sem paixões e sem rubores.

Do presente:
Sete anos se passaram.
Pela primeira vez, olhar-se-iam nos olhos e, possivelmente, não viveriam felizes para sempre.
Do baralho dela, ele era Coringa.
Entre as cartas dele, ela não era a rainha. Mas queria, ah como queria...

2 Comments:

Blogger Rubem Garcia said...

This comment has been removed by the author.

March 1, 2010 at 8:09 PM  
Blogger Rubem Garcia said...

Tão somente um homem cansado
da guerra, da batalha
de ver espremida entre migalhas
a poesia diária
a labuta
aprendendo a vida
em cada nova esquina
e à cada guinada
a manobrar o barco
par aonde o vento sopra
ser feliz
no presente
pois apenas o tédio é para sempre
apenas a dor é perene
hoje o coringa
descartado de tantos baralhos
aos alhos e bugalhos
aprendeu a quadrinha
seu jogo se faz com tantas cartas
com bela e eleita dama
outros tantos camaradas
mas não tem rainhas
se bem que ele queria

March 1, 2010 at 8:11 PM  

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