Tuesday, May 01, 2007

Oração de um (a) poeta decadente...

Que nossas vidas, antiquadas, estejam repletas do lirismo Trovadoresco. Que os padroeiros da terra que nos trouxe a língua que tanto aprendemos a amar, de Camões a Saramago, estejam todos a guiar-nos entre as veredas estreitas dos que amam a literatura sobre todas as coisas. Não pronunciemos a palavra em vão. Apreciados sejam continuamente gigantes como Gil Vicente. E no teatro haja a mais estreita união entre o homem, a palavra, e seu significado, pois a nossa busca mais premente ainda é tornarmo-nos seres humanos. A mitologia de antanho traga-nos o modo poético de narrarmos a história humana, como em epopéias. Que ainda haja épica e heróis, de Ulisses a Lusíadas.
Tal qual o Carpe Diem de outrora, consigamos ter um pouco de árcade em nós, entre todas as misérias espalhadas na cidade, exista mais de bucólico. Pedimos a casa, os discos e os livros. Rogamos ao sublime autor de Marilia de Dirceu, para que infunda em nós o amor por nossos campos, o amor pelos amores, que agora se fazem tão distantes de nossas realidades individualistas, egoístas e sobretudo, tristes.
Não esqueças de nós, Lord Byron, ainda há muito que aprender em nossa mesquinha afabilidade. Traga-nos de volta o gosto pelas paixões sonhadoras, gritantes... Queremos o nacionalismo da primeira, o mal da segunda, o protesto ardente da terceira. Queremos nossa posteridade vivendo intenso o Romantismo, que não morre jamais. Que nós possamos ser todos Alvares de Azevedo. Onde estás oh Deus dos desgraçados? Olhai a nossa desgraça, e também, a nossa ausência de poesia.
Dai-nos mais de teu Realismo, oh Machado, livrai-nos das ilusões a que esta vida nos submete., a fim de que possamos saborear honrosamente tuas obras. Afastai de nós, Eça de Queirós, todos os dardos inflamados dos malignos que vendem a arte da palavra por alguns trocados.
As vanguardas todas, inspiradoras do Pré Moderno, tragam a epfania do valor da invenção. Dos ângulos cubistas, e da contra arte dadaísta, reste em nós, insolventes de um sistema que nos sobrepuja pela impoíção da cultura que nem mesmo acreditamos sê-la, a certeza de que há muito ainda por se buscar. Lobato guie nossas crianças além do pensamento limitado e mediano. Que suas leituras não cessem em Harry Potter. E os alvitres destes futuros, cunhem novas possibilidades, pois estamos estagnados em Gullar e Veríssimo.
Drummond, pleno e admirável escritor, fazei nossos textos dignos dos vossos. Iluminai a todos nós, mestres do Modernismo. Valei-me Fernando Pessoa. Rogai por nós que recorremos a vós Clarice Lispector. Oferecei-nos a salvação pela arte, digníssimo James Joyce. Que não se aproximem de nós as tentações oferecidas por "Lúcios", e pelos falsos literários. Afastem-se Coelhos e espíritos (comerciantes?) que promovem o anódino.
Cecília, o verso nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai as frivolidades, de modo maior com que perdoamos o jornalismo sensacionalista, auxiliar do capitalismo excludente, e a cultura massificada de auto-ajuda. Não nos deixei cair na literatura piegas, oh Garret. Raquel de Queiroz, cheia de arte, que essa esteja contigo. Suprema fostes vós entre as mulheres, e extraordinarios os frutos de tua mente.
Todos vós que fizestes do verbo algum sentido a habitar entre os homens, nos iluminem, agora e sempre, para que não digamos amém ao que tem mitigado o que ainda nos resta de poesia. E que o fim, de nossas idealistas existencias, seja a apoteose, e não o caos.