Verde e Amarelo
Hoje o samba saiu e não voltou,
Vejo apenas entrar pela porta a fugacidade da beleza,
Daqueles que te submetem a ser a pátria mãe do filho cujo sonho de justiça voou...
Tua bandeira não nos trás a ordem e o progresso,
A política é o teu folclore,
Brincais de ser nação soberana,
E o teu constante carnaval, (terra adorada?), a muitos engana.
E no forte grito de vossa independência,
Ergueu-se a voz que falou: democracia!
E se hoje em teus saberes ainda há arte,
Vossa república é mais grandiosa que Shakespeare.
Venderam tua língua brasileira por alguns dólares,
Comerciaram, tua cultura, a dignidade que vivia.
Doaram, tu oh povo, ao império soberano,
Enquanto, conformado, vós dormias...
Os teus movimentos hoje são sandices,
Já não vejo a união pelas ruas,
Já não ouço a tua voz,
Já não percebo o combate sendo travado,
O coração, calado, já não bate por vós, (pátria amada?)
Sinto saudades do calor do sorriso de uma criança,
Sinto saudades do ardor da luta, e no olhar a esperança,
Sinto saudades do sabor da cerveja e a beleza da dança,
Sinto saudades da vontade de um povo que trabalha por equidade, e não descansa...
Onde estão os teus revolucionários?Onde estão os exilados por amor a ti?
A tua aurora amanhece azul e vermelha,
Colorindo a bandeira que já não é verde e amarela,
E se em tuas estrelas há agora menos brilho,
Saibas não foi falta de amor,
Mas falta de brio!